TEMPO PER ANNUM - APÓS PENTECOSTES

(22 de maio a 26 de novembro de 2016)

Horários de Missa

CAMPO GRANDE/MS
Paróquia São Sebastião


DOMINGO
16:30h - Confissões
17h - Santa Missa

TERÇA A SEXTA-FEIRA
(exceto em feriados cívicos)
11h - Santa Missa

1º SÁBADO DO MÊS
16h - Santa Missa

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Nossa Sr.ª das Graças


Ave Maria, gratia plena;
Dominus tecum:
benedicta tu in mulieribus,

et benedictus fructus
ventris tui Iesus.

Sancta Maria, Mater Dei
o
ra pro nobis peccatoribus,
nunc et in hora
mortis nostrae.

Amen.

Nosso Padroeiro


Sancte Sebastiáne,
ora pro nobis.

Papa Francisco


℣. Orémus pro Pontífice nostro Francísco.
℟. Dóminus consérvet eum, et vivíficet eum, et beátum fáciat eum in terra, et non tradat eum in ánimam inimicórum ejus.
℣. Tu es Petrus.
℟. Et super hanc petram ædificábo Ecclésiam meam.
℣. Oremus.
Deus, ómnium fidélium pastor et rector, fámulum tuum Francíscum, quem pastórem Ecclésiæ tuæ præésse voluísti, propítius réspice: † da ei, quǽsumus, verbo et exémplo, quibus præest, profícere: * ut ad vitam, una cum grege sibi crédito, pervéniat sempitérnam. Per Christum, Dóminum nostrum.
℟. Ámen.

Dom Dimas Barbosa


℣. Orémus pro Antístite nostro Dismas.
℟. Stet et pascat in fortitúdine tua Dómine, sublimitáte nóminis tui.
℣. Salvum fac servum tuum.
℟. Deus meus sperántem in te.
℣. Orémus.
Deus, ómnium fidélium pastor et rector, fámulum tuum Dismam, quem pastórem Ecclésiæ Campigrandénsis præésse voluísti, propítius réspice: † da ei, quǽsumus, verbo et exémplo, quibus præest, profícere: * ut ad vitam, una cum grege sibi crédito, pervéniat sempitérnam. Per Christum, Dóminum nostrum.
℟. Amen.

Pe. Marcelo Tenório


"Ó Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote, conservai os vossos sacerdotes sob a proteção do Vosso Coração amabilíssimo, onde nada de mal lhes possa suceder.

Conservai imaculadas as mãos ungidas, que tocam todos os dias vosso Corpo Santíssimo. Conservai puros os seus lábios, tintos pelo Vosso Sangue preciosíssimo. Conservai desapegados dos bens da terra os seus corações, que foram selados com o caráter firme do vosso glorioso sacerdócio.

Fazei-os crescer no amor e fidelidade para convosco e preservai-os do contágio do mundo.

Dai-lhes também, juntamente com o poder que tem de transubstanciar o pão e o vinho em Corpo e Sangue, poder de transformar os corações dos homens.

Abençoai os seus trabalhos com copiosos frutos, e concedei-lhes um dia a coroa da vida eterna. Assim seja!
"

(Santa Teresinha do Menino Jesus)

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29 de jun. de 2012

Em Pentecostes, não houve a incompreensão de línguas, mas o entendimento daquilo que Deus quer falar


Homilia da Missa do Domingo de Pentecostes

Pe. Marcelo Tenório

V. Ave Maria, Gratia plena, Dominus tecum, benedicta tu in mulieribus, et benedictus frutus ventris tui Jesus.
R: Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus, nunc et in hora mortis nostrae. Amen.
V. Ora Pro nobis Sancta Dei Genitrix
R: ut digni efficiamur promissionibus Christi.

A Igreja celebra hoje a solenidade de Pentecostes, a descida do Espírito Santo no Cenáculo sobre Maria, os Apóstolos e os discípulos.

A Santa Igreja nasce do lado aberto de Jesus Cristo na cruz, mas hoje é como que inaugurada publicamente. O Espírito Santo desce com força, com poder, com autoridade. Derramam-se sobre os Apóstolos com Maria, em forma de línguas de fogo, os dons, o carisma, tudo aquilo que é necessário para a missão apostólica da Igreja é derramado pela ação e pela graça do Espírito Santo.

Tinham-se completado os dias de Pentecostes, ou seja, cinquenta dias após a Páscoa. Estavam todos os discípulos no mesmo lugar quando, de repente, sobreveio do céu um estrondo como de vento soprando impetuosamente. E desce o Espírito Santo, e eles começam a falar em línguas conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Estavam ali gregos, medos, elamitas, de várias nacionalidades... E ficaram maravilhados porque os Apóstolos começaram a louvar e a bendizer a Deus e aqueles que ali se encontravam compreendiam perfeitamente em sua própria língua. É o que a Igreja chama de “glossolalia”, o que aconteceu justamente em Pentecostes. É o famoso dom de línguas, que não é a incompreensão de línguas, mas muito pelo contrário: é a compreensão daquilo que Deus quer falar.

Como tantos estrangeiros poderiam compreender os Apóstolos? Compreendiam porque, ao descer o Espírito Santo sobre a Igreja nascente, todos escutavam as maravilhas de Deus na sua língua. Aqui não há diversidade de línguas pela ação do Espírito Santo; tal obstáculo surgiu antes da descida do Espírito Santo [pois as diferentes línguas surgiram em Babel, n.d.t.]. Imaginemo-nos numa peregrinação a Roma ou à Terra Santa: em meio a tantos grupos e a tantas nacionalidades, ai está a diversidade de línguas, porque não se entende se não se conhece o idioma daquele local. Em Pentecostes, não houve uma diversidade de línguas: em Pentecostes, houve a unidade das línguas. E esta unidade das línguas é no Espírito Santo: quando desce o Espírito Santo, todos compreendem, todos escutam, todos entendem; a língua já não é mais um empecilho, porque o dom das línguas que é derramado.

Claro, é um fenômeno, um milagre o que aconteceu naquele momento de Pentecostes. Hoje, se você não estudar o francês, o inglês, o italiano, claro, você chegará em Lourdes e, se for se confessar, não entenderá o que o padre te falará, nem tampouco o padre  entenderá você, porque a cada um falta-lhe o conhecimento intelectual daquela língua pronunciada pelo outro.

O Espírito Santo não costuma fazer espetáculos de poder. O Espírito Santo não costuma nos dar aquilo que não temos. Ele costuma aprimorar, recordar, ajudar naquilo que, pela nossa inteligência dada por Deus, aprofundamos e melhoramos. Àquele estudante que não faz nada, não estuda, gastou o tempo de estudo em brincadeiras e, na hora da prova, invoca o Espírito Santo, claro que o Espírito Santo não o ajudará descerá e tampouco dará a esse aluno uma boa nota. Por quê? Porque esse aluno não fez aquilo que deveria ter feito: estudar, ter o domínio da matéria. Aí, sim, tendo estudado e adquirido o domínio da matéria, o Espírito Santo invocado irá ajudar aquele cristão católico, irá recordar, iluminar. Se você não sabe inglês, não pense que o Espírito Santo lhe fará interpretar a língua inglesa sem nunca ter se debruçado sobre os livros e a gramática ingleses.

Aqui é o momento fundante da Igreja. Acontece a glossolalia: na diversidade de línguas, a unidade da Igreja. Por isso que até hoje o Latim é a língua oficial da Igreja. Por quê? Porque se nós estivermos na China, se nós estivermos na Croácia, se nós estivermos na Polônia, poderemos, com muita tranquilidade, assistir à Santa Missa, compreender a Santa Missa, cantar os hinos, entoar o Credo sabendo aquilo que estamos cantando. O Latim, esta língua belíssima da Igreja, nada mais é do que uma figura da unidade das línguas acontecida justamente no Domingo de Pentecostes.

A variedade de línguas é que necessita de interpretação das línguas. E aí São Tomás vem nos ensinar, sobretudo, que as línguas estranhas são coisas incompreensíveis, e Deus não quer que fiquemos em coisas incompreensíveis; Deus quer que saibamos bem, porque se fosse para Ele nos falar e não compreendermos, então para que Ele iria nos falar? Na verdade, no dia de Pentecostes não houve confusão de línguas. No dia de Pentecostes houve a unidade das línguas, a compreensão – todos compreenderam.

E, na Sequência cantada antes do Santo Evangelho, a Igreja invoca: “Vinde. ó Espírito Santo, mandai-nos lá do Céu um raio da Vossa luz; vinde até nós, pai dos pobres, caudal de todos os dons, e fulgor dos corações”. É a invocação da Igreja, a Igreja que clama para que o Espírito Santo desça, para que este Espírito Santo venha sobre nós. Um dia fomos batizados e naquela pia batismal recebemos o Espírito Santo. Fomos batizados no Espírito Santo e no fogo, recebemos o signo da Santíssima Trindade e, ali, todos os dons, todos os Sete Dons do Espírito Santo, e mais as Virtudes Teologais que, infusas em nós, nos capacitam, ou nos ajudam, ou são condições sine qua non para que cheguemos até Deus, para que amemos a Deus, para que façamos a Sua santa vontade; estas virtudes são justamente a Fé, a Esperança e a Caridade.

Que neste Domingo de Pentecostes, a descida do Espírito Santo no Cenáculo sobre Maria, os Apóstolos e os discípulos, nos traga essa graça de compreendermos a importância da unidade da Igreja, a importância da unidade das línguas na Igreja; não a confusão de línguas, não a confusão em ideias, não a confusão em teologia, não a confusão em pensamentos.

Estamos em tempos tão difíceis que, mesmo em livrarias católicas, temos muito trabalho em encontrar livros que realmente nos ensinam a verdadeira fé, o verdadeiro Catecismo da Igreja. É a confusão das línguas: teólogos que não se entendem, teólogos que se levantam contra o Papa e contra o seu Magistério, sacerdotes também que desejam ou que buscam, muitas vezes, não a unidade, mas a confusão do pensamento, mesmo estando no seio da Igreja.

Todas essas questões levaram Bento XVI no ano passado, quando estava indo até Fátima, dizer aos repórteres: “Os inimigos da Igreja não estão fora, estão dentro.” E são inimigos da Igreja aqueles que não trabalham em prol da unidade das línguas, mas, pelo contrário, em prol da confusão, em prol de semear o joio, de confundir, de perturbar a Igreja de Deus. Pentecostes é a inauguração da Igreja, a Igreja nascida no lado aberto do Senhor, manifestada com sua glória neste Domingo.

Rezemos pelo Santo Padre, rezemos pela unidade da Igreja e fujamos sempre da confusão das línguas, buscando a unidade das línguas na qual compreenderemos bem, sem equívoco, esta fé apostólica que nos foi transmitida até pelo sangue dos mártires.

Hoje temos a honra e a graça de termos em nosso meio a relíquia de São Sebastião. Parte de seu corpo, que vem nos visitar, que vem nos abençoar. São Sebastião não derramou seu sangue praticando aggiornamento, ou cedendo em pontos de sua fé, mas foi por testemunhar Nosso Senhor, e por não recuar em relação à fé. Derramou seu sangue pelo reino de Deus, pela Igreja, por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Neste Domingo de Pentecostes, no dia em que é rezada esta Santa Missa ao lado da relíquia de São Sebastião, peçamos a ele, a este grande mártir, a este poderoso mártir, que interceda por nós, para que tenhamos não a moleza dos modernos, mas a têmpera dos mártires para darmos a nossa vida, derramar o nosso sangue se preciso for pela Igreja, pelar Virgem Santíssima e pelo Papa.

Homilia proferida em 3 de Junho de 2012, no Festa de Pentecostes.

21 de jun. de 2012

"Os verdadeiros católicos defendem sua fé, até o martírio se for necessário."


Homilia da Missa Votiva em Honra a São Sebastião no Tempo Pascal
Pe. Marcelo Tenório

V. Ave Maria, Gratia plena, dominus tecum, benedicta tu in mulieribus, et benedictus frutus ventris tui Jesus.
R: Sancta Maria,  Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus, nunc et in hora mortis nostrae. Amen.
V. Ora Pro nobis sancta Dei Genitrix
R: ut digni efficiamur promissionibus Christi.

É uma grande honra para nós recebermos hoje nesta Paróquia as relíquias de São Sebastião. São Sebastião, que viveu no final do século II para o século III, e que morreu sob o imperador Diocleciano, um grande sanguinário. São Sebastião se tornara cristão e se convertera à religião católica, diante do poderio do Império Romano. Como nós sabemos era um grande Oficial do Imperador, um dos mais queridos. E Diocleciano tinha planos para Sebastião devido à sua admiração por ele, por se tratar de um exemplar oficial. Todavia, Sebastião tinha recebido o batismo cristão; e os cristãos eram encarcerados, perseguidos, aniquilados, assassinados, torturados... E Sebastião levantou-se em favor dos cristãos, pois que sendo também cristão, foi descoberto como tal e não renunciando, nem abjurando a sua fé, foi condenado à morte.

A tropa que ele mesmo chefiava, por ordem do Imperador, na floresta, disparou contra ele flechas e o abandonou ali para que sangrasse até morrer. Parecia morto, mas Sebastião não morrera. Uma mulher – Santa  Irene – o encontra, leva-o para casa e cuida das suas feridas. Recuperado, poderia ter fugido, poderia ter ido embora, pois já era dado como morto. Mas, não: diante das barbaridades que Diocleciano fazia com os cristãos, numa grande festa pública se apresentou diante do Imperador para protestar. O Imperador mandou que ele fosse executado no circo e com flagelos de chumbo, pauladas, espancamento até a sua morte. E morre Sebastião, derramando o seu sangue justamente pelos cristãos e pela Igreja nascente, de forma que sua fama se espalhou imediatamente, sendo jogado o seu corpo em uma vala para evitar veneração por parte dos cristãos, mas novamente santas mulheres – entre elas, Santa Luciana – recolheram seu corpo e o enterraram nas chamadas catacumbas de Roma. Lá até hoje se encontra a belíssima Basílica de São Sebastião, onde ele está sepultado.

Suas relíquias não são muitas, são pouquíssimas no mundo inteiro. Mas hoje recebemos esta relíquia de São Sebastião, aqui em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Uma parte de seu braço, um pedaço pequeno de seu braço, que contém sua massa óssea. Diferente de um santo do século passado que se tem ainda mais partes do seu corpo, como São João Bosco ou Santa Rita de Cássia, que são bem mais novos, é claro, em relação a São Sebastião.

As relíquias de santos, sobretudo dos mártires, muitas vezes costumam assinar suas venerações através de milagres portentosos e de prodígios. Mais ou menos pelo século V houve uma grande peste em Roma, uma grande epidemia. Então, por ordem do Papa, fizeram uma procissão com as relíquias de São Sebastião, e, milagrosamente Roma foi salva daquela terrível epidemia, vindo a saúde e a calmaria na cidade romana. A partir daí, muitos o invocavam – e ainda hoje o invocam – contra a peste, contra a guerra, contra a fome, contra as epidemias. Esta Paróquia, há 75 anos, começou a partir de uma grande proteção de São Sebastião. Era tudo fazenda a este redor. E um senhor que tinha muito gado viu-se cercado de fazendas vizinhas nas quais o gado todo estava morrendo por uma peste. Então, ele prometeu: “Se em minhas terras a peste não atingir nenhuma cabeça de meu rebanho, prometo construir uma capela a São Sebastião”. E, mesmo morrendo o rebanho das propriedades vizinhas, em nenhuma cabeça de seu gado este fazendeiro perdeu. Mas Deus tem seus planos: quem ficou doente foi o fazendeiro, vindo a falecer, embora antes tenha pedido que seus amigos continuassem com este projeto. E eles foram fazendo churrascos, quermesses e eventos desde 1937, e construiu-se uma pequena capela. Então, a Paróquia São Sebastião é fruto de uma ação concreta deste tão grande santo, conhecido e venerado no mundo inteiro. Não existe diocese, não existe cidade que não se tenha pelo menos uma Igreja dedicada a São Sebastião.

E aqui ele está hoje através de suas relíquias. E Deus costuma oferecer graças imensas e milagres quando veneramos as relíquias dos santos. Foi assim com Santo Agostinho: quantas graças, quantos milagres alcançados pela veneração das relíquias que existiam na Igreja onde Santo Agostinho era pastor... E noutras regiões, através das relíquias de outros santos, sobretudo os mártires, que para Deus são a melhor parte, por que deram o sangue, derramaram o sangue mas não renunciaram a sua fé. Não fizeram aggiornamento, não fizeram ecumenismo com os pagãos! São Sebastião não fez ecumenismo com o Império Romano, nem tampouco com os deuses inexistentes. Muito pelo contrário: morreu por reafirmar a sua fé no Deus único, no Deus verdadeiro.

A Epístola que acabamos de escutar fala justamente disso: “Os justos levantar-se-ão com toda a afoiteza contra aqueles que os atribularam e que só manifestavam desdém em face dos seus trabalhos.” Então, os justos vão se levantar contra os iníquos, e estes serão julgados a partir dos justos. Não que os justos farão justiça por eles mesmos. Não: o seu exemplo, o seu testemunho, a sua vida santa, a sua fama santidade, a vitória que aquela morte proporcionará mais tarde, vai deixar os seus algozes e pérfidos julgados diante das injustiças e misérias que praticaram contra os justos. Então, a vida mesma dos justos julgará os injustos e insensatos: “Estes são aqueles de quem nós antes zombávamos e cobríamos de sarcasmos.” Isto, no juízo universal, os justos poderão contemplar. Dizem as Sagradas Escrituras: “Os justos brilharão como o sol; quem são estes com estas vestes brilhantes? Estes são aqueles que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro.”

Os mártires nos dão exemplo de determinação e de luta em prol do reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, muitas vezes, parece que Cristo está banido da sociedade pelas leis, pelo Estado. De alguma forma ou de outra, parece que a vitória do mal impera na nossa sociedade. Mas (esta vitória) é só aparência, é só aparência... Há pouco tempo escutamos e vimos a decisão iníqua, injusta, do Supremo Tribunal do Brasil, quando aprovava o assassinato de crianças nascituras. Pareciam deuses julgando em suas causas próprias... Ah! Os anos passarão, as décadas virão e nós iremos ver o resultado destas pessoas que se levantaram contra Deus, contra Sua Lei e contra o Seu poder.

Bem lembrava o Cardeal Eugênio Salles: “Aonde estão os inimigos da Igreja no passado? Todos mortos! Mortos e esquecidos. Aonde estão os mártires que sofreram por causa deles? Reconhecidos, e ainda vivem, ainda são exemplo para nós!” Exemplos de fé, exemplos de determinação, exemplo de força; embora fracos, fortaleceram-se em Cristo. E, fortalecendo-se nos exemplos dos mártires, muitos e muitos não renunciaram à sua fé. Não titubearam! Não fizeram aggiornamento! De forma nenhuma! Mas testemunharam Cristo crucificado, e lutaram, até onde puderam, pelo reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os verdadeiros católicos não aggiornam. Os verdadeiros católicos defendem a sua fé, até o martírio se for necessário, como lembrava o Papa São Pio X: “São poucos, mas aí está a verdadeira Igreja Católica”.

Homilia proferida em 26 de Maio de 2012, no 1º dia da Visita das Relíquias de São Sebastião a Campo Grande/MS
13 de jun. de 2012

Homilia da Missa do Domingo Após a Ascensão


Pe. Marcelo Tenório

V. Ave Maria, Gratia plena, dominus tecum, benedicta tu in mulieribus, et benedictus frutus ventris tui Jesus.

R. Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus, nunc et in hora mortis nostrae. Amen.

A Santa Igreja celebra o Domingo depois da Ascensão. Na quinta-feira passada foi celebrada a Ascensão do Senhor: Cristo que volta ao Pai. Esteve em meio a nós, no meio dos Apóstolos, entre os discípulos. Vive três anos em meio a nós, depois sofre, padece, morre e, no terceiro dia, ressuscita; aparece aos Apóstolos e aos discípulos, dá suas últimas instruções, dentre elas: “Não saiam de Jerusalém, porque João batizava com água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo e no fogo”. Para que? Para que sejamos suas testemunhas.

O que é o batismo no Espírito Santo e no fogo? É o Batismo sacramental. Nosso Senhor nos promete o Espírito Santo no Domingo de Pentecostes com a inauguração pública da Santa Igreja nascida do lado aberto de Jesus na Cruz. Lembremo-nos que, quando Cristo morre na cruz, do seu peito rasgado, quando não tinha mais sangue para escorrer, saiu água. Do seu peito sai sangue e água, significando para nós os Sacramentos. E através dos Sacramentos dAquele que sobe ao Pai é que, a partir de então, o veremos pelo véu dos Sacramentos, não com os olhos da carne, mas com os olhos da fé.

Este mesmo Jesus que subiu aos céus irá nos santificar, governar e ensinar através da Santa Igreja, dos Sacramentos e, assim, pela ação sacramental, continuar a Sua obra, de forma que a grande realização de Pentecostes não foi o Batismo sacramental para os Apóstolos – porque eles já eram Bispos da Igreja e já tinham recebido esse Batismo do próprio Senhor no dia de suas sagrações – mas a manifestação pública da Igreja. É “como a Crisma”: o Sacramento da Crisma é a confirmação pública daquilo que já somos. Por este motivo só podem receber este Sacramento aqueles que querem realmente trabalhar no apostolado católico, aqueles que querem ser testemunhas de Cristo. Receber o Espírito Santo, para quê? Para ficar em casa? Não! Para anunciar com a alma, com ardor, com a própria vida! Tanto que todos os Apóstolos derramaram o seu sangue por Cristo, com exceção de São João Evangelista, por desígnio de Deus.

No grego, a palavra usada para “testemunha” é “Mártir”; então, testemunho no grego é martírio. Todos nós, batizados, somos selados por Deus, tornamo-nos filhos no Filho e somos chamados ao martírio, que nem sempre se dá, necessariamente, com derramamento de sangue.

Sabemos que nos países não cristãos acontece uma onda de atentados contra os cristãos católicos. Quantos morreram na Missa da Vigília de Natal, justamente por serem cristãos. E, agora, a começar da Europa, está entrando no Brasil o que se está chamando de “cristofobia”. Ninguém aceita mais o Reinado Social de Nosso Senhor! E querem tirar as imagens sagradas dos estabelecimentos alegando que o Brasil é um país laico. Isto é um absurdo! Primeiro que não existe país laico, não existe a laicidade do estado, visto que a lei suprema é a Lei Divina, e todas as leis humanas, positivas, devem apontar para e respeitar a Lei divina. De forma que, se o estado pretensiosamente quer se colocar laico, saibam seus governantes que o povo é profundamente religioso e, em se tratando do Brasil, o povo é profundamente católico. Nascemos à sombra da Santa Cruz. Então, nós temos campo mais do que fértil para darmos testemunho, sermos mártires, literalmente ou pelo nosso Batismo: ou derramando o nosso sangue pelo martírio de fato, ou pelo martírio moral, que significa assumir, custe o que custar, a nossa condição de cristãos, de batizados, de filhos de Deus; significa sermos sinal de contradição numa sociedade modernista, numa sociedade pagã, numa sociedade que excluiu Deus. Esta é a nossa missão e para isto viemos.

O que estamos fazendo neste mundo? Para onde estamos indo? Para a eternidade; para a eternidade, cedo ou tarde. Uns são levados mais cedo, outros ainda ficam mais um tempo. Quem pode acrescentar um milímetro, um segundo à sua vida nesta terra? Ninguém! Estamos caminhando para Deus. Por isso, na Epístola, São Paulo vai nos falar justamente: “Sede prudentes e velai na oração, sobretudo mantendo entre uns e outros um indefectível caridade mútua.” Viver no amor, viver na fraternidade, na comunhão, no amor-caridade, que é o próprio amor de Cristo. Não um amor romântico, mas um amor que é capaz de dar a vida, é um amor sacrifical.

E o santo Evangelho nos fala sobre o Espírito Santo, sobre o Advogado, o Paráclito que nos foi prometido para nos dar a força no testemunho. E Nosso Senhor nos diz: “Vão colocar vocês para fora das sinagogas, vão prender vocês, vocês serão expulsos, maltratados por minha causa, por causa do Meu nome, mas alegrai-vos.” Nosso Senhor não nos prometeu vida fácil. Nosso Senhor não nos prometeu aplausos. Nosso Senhor nos prometeu a vida eterna, a vida feliz no céu, com perseguições aqui na Terra. De forma que o cristão católico é sempre perseguido. Mas aí está: somos chamados para dar a nossa vida.

Por que não devemos buscar neste mundo nada, não devemos buscar neste mundo coisa alguma? A vida passa muito rápido. Todos se dirigem para a casa de Deus, para a eternidade, para o encontro decisivo com o Senhor no seu julgamento. E é necessário estarmos prontos e preparados.

Certa vez, São Luís Gonzaga – que era jovenzinho, mas já tinha fama de santidade – estava jogando bola, e alguém chegou e perguntou a ele: “Luís, se o mundo fosse acabar agora, o que você faria?” E ele respondeu: “Continuaria jogando bola.” Que resposta maravilhosa! Se alguém perguntasse para nós agora: “Se o mundo fosse acabar daqui a dez minutos, o que você faria?”, será que diríamos a mesma coisa? Ou será que sairíamos correndo para um lado e para o outro, uns atrás de um padre para fazer a confissão de última hora, outros para pedirem perdão para alguém... Quantos assuntos pendentes? Não, não! Aquele que deseja se converter amanhã, jamais se converterá. Vivamos o hoje como se daqui a meia hora fôssemos estar na presença de Deus. São Luís Gonzaga, tão jovem, pôde dizer “continuaria jogando bola” porque ele estava preparado, vivia preparado, vivia buscando a Deus, e não queria de Deus se afastar de forma alguma. Esta é realmente a nossa meta: buscar a Deus, viver em Deus.

E o Espírito Santo nos dará a graça para tanto. O Espírito Santo que veio em Pentecostes e que recebemos no nosso Batismo, nos dará a graça, nos dará o meio, nos dará a forma de darmos o testemunho de Cristo. Nosso Senhor diz no Evangelho: “Aquele que der testemunho de mim diante dos homens, eu irei dar também testemunho dele diante do Pai. Aquele que se envergonhar de mim diante dos homens, eu também irei me envergonhar dele diante do meu Pai.” Santa Teresinha dizia: “Quero o amor e nada menos.” Então queiramos Deus, queiramos Nosso Senhor Jesus Cristo, não nos afastemos dEle pelo pecado. Procuremos viver uma vida na caridade, no amor, para nos apresentarmos diante dEle. Vivamos como São Luís Gonzaga, e, no bom sentido figurado do “continuarei jogando bola” deste santo, possamos também, àqueles que nos perguntarem sobre nossa última hora, testemunharmos: “Estou pronto para o Senhor; logo, continuarei em meus afazeres”.

Homilia proferida em 20 de Maio de 2012.